terça-feira, 7 de julho de 2009

JORNAL ESTADO DO PARÁ, 15 DE AGOSTO DE 1913.

"Devido ao nosso meio, em que coisas de esporte são tratadas com desprezo e sem a mínima consideração, pelos nossos homens que podem, o Grupo do Remo, depois de um verdadeiro jogo de QUEM DER MAIS, em que naturalmente saiu vencedor o burguês ricaço e ambicioso, que precisava da casa para explorar um monopólio, que felizmente morreu esta nossa importante sociedade náutica, ficou sem garagem. Neste tempo era presidente do Grupo o conhecido Rower da "guarda velha" Raul engelhard, que tudo fez para conseguir uma casa que servisse para uma garagem de canoagem. Coisa impossível! Não havia em Belém! As casas que ficam a beira-mar estavam todas ocupadas.

E assim, devido as exigências de um propietário e à ganância de um Águia, tivemos que transferir os nossos barcos para Miramar onde foi entreposto de inflamáveis. Passou um ano e do Grupo do Remo, a única sociedade exclusivamente náutica que Belém possuía, só restava os seus barcos jogados em um armazém, estrangando-se à falta de trato. E tudo isso porque no Pará os homens que podem... são os primeiros a prejudicar a boa marcha das sociedades esportivas, completamente ao contrário do que se faz no sul, onde já se compreende o que é esporte em geral.

Foi num domingo, a convite de Oscar Saltão, este verdadeiro apaixonado do nosso querido Grupo do Remo, quem em duas embarcações saímos a paseio até Val-de-Cans. Ao passarmos por Miramar, tivemos a boa lembrança de pararmos aó, a fim de vermos os nosso barcos. Que impressão triste e desagradável nos causou o estado de abandono em que se achava o nosso materail de canoagem servindo até de curral de cabras. Saltão, com olhar triste, demonstrando bem o que lhe ia na alma; olhou-nos e disse: -Vocês querem levantar o Grupo do Remo:

Todos responderam que sim, e onze rapazes tomaram o compromisso de levantar a nossa tentativa de reorganizar o Grupo, terefa muito difícil, que muito trabalho deu, mas um compromisso de honra entre os onze rowers do grupo, e por isso saímos vitoriosos. Depois de várias tentativas e cavações, conseguimos casa para a garagem. O principal estava feito, foi um delírio entre os rowers do Grupo quando Saltão, sempre incansável participou a nova, até o Felinto "morreu no chope do Tartaruga".

E não perdendo tempo, arranjou-se uma lancha, e no dia 15 de Agosto de 1911, às 6 e meia da manhã, seguiu para o entreposto o célebre cordão dos onze a fim de trazer o material do Grupo. Os onze assim constituídos: Oscar Saltão, Antonico Silva, Geraldo Mota(Rubilar), Jaime Lima, Cândido Jucá, Harley e Nertan Collet, Severino Poggy, Mário Araújo, Palmério Pinto e quem escreve essas linhas, não tiveram força de medir, só pensando em vencer, acabaram aquela inesquecível mudança dum completo material de canoagem às 7 horas da noite. O que foi aquele trabalho, basta repetir a frase do mestre da lancha, velho português acustumado nas lutas pela vida, que bem demonstrava a sua admirição pelo esforço daqueles Rowers: "estes moços sabem pegar no pesado como a gente!"

Saltão e seus companheiros muita satisfação sentirão no dia de hoje, que marca o segundo aniversário da reorganização do nosso Grupo, que se encontra atualmente com franca prosperidade, vendo que seus esforços não foram abalados.

Terminando estas ligeiras notas sobre a reorganização da nossa sociedade, o humilde rabiscador das mesmas não teve outro intuito a não ser o de mostrar ao público de sua terra natal como se luta aqui neste nosso Estado, que temos orgulho de dizer que é o melhor depois de Rio e São Paulo, com uma sociedade esportiva, e que possa calcular a força da vontade qu tiveram esses onze moços que só tiveram por auxílio o tema de "um por todos e todos por um", como num verdadeiro time de futebol.

A diretoria atual, os nossos cumprimentos pela data de hoje e pelo muito que tem feito a bem do progresso moral e material do nosso querido Grupo do Remo, campeão de Remo no Pará de 1911, 1912 e 1913".

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